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Avião de cantora podia estar numa altitude abaixo do ideal para pousar

Piloto analisa o que pode ter contribuído para a queda do avião, que transportava Marília Mendonça

Pode ter havido um erro de cálculo do experiente piloto que comandava a aeronave que se acidentou em Caratinga, na última sexta-feira (5/11), provocando a morte da cantora e compositora Marília Mendonça, seu produtor, seu tio e assessor, piloto e copiloto. A informação é do piloto mineiro Caio Libório, de 45 anos, bastante experiente, com mais de 20 anos de pilotagem. Caio, que conhece bem o aeroporto de Caratinga, diz que existem peculiaridades naquela pista de pouso e que provavelmente o avião estaria abaixo da altitude desejada.

“Cada aeroporto tem uma peculiaridade. Até mesmo na Pampulha, por exemplo, a lagoa muda a sensação de profundidade para chegar a pista”, comenta Caio, que explica que, para pousar em Caratinga, existem dois tipos de aproximação, uma curta e uma longa, que foi a escolhida pelo piloto do referido avião.

Segundo ele, o aeroporto tem uma característica diferente de outros aeroportos por estar entre duas montanhas. “A sensação de profundidade por ter feito com que o avião estivesse numa atitude abaixo da recomendada. Mesmo com o altímetro, a sensação de profundidade para chegar à pista pode mudar aos olhos do piloto.”

Ele conta que existe uma semelhança entre dois aeroportos mineiros, o de Caratinga e o de Ubá. “Os dois  têm uma cabeceira que é mais recomendada que a outra, pois tem menos obstáculos. Angra dos Reis, por exemplo, você só acessa a pista do mar, tanto para pouso quanto para decolagem. De oura forma, o risco de acidente é muito grande.”

Caio diz que o aeroporto de Maraú tem uma característica diferente, pois tanto o pouso quanto a decolagem têm de ser feitos da terra para o mar. “Lá, existe um hotel na ponta do aeroporto e tem ainda a fiação. A sensação de quem tenta pousar no sentido contrário é que há um encurtamento da pista.”

O piloto conta que informações sobre cada aeroporto estão disponíveis na internet, com acesso somente para pilotos e que é comum, quando um piloto vai pousar num aeroporto que ainda não conheça, se abastecer com essas informações.

Falta de sinalização

Caio diz que existe, sim, uma grande possibilidade de que o piloto estivesse baixo demais e que por isso teria atingido a fiação, mas acrescenta que faltava sinalização.

“Independentenente de a fiação não  estar tão próxima, ela teria de ter a sinalização, que são os balões de borracha. Com certeza, o piloto teria visto essa sinalização. Do jeito que está, é praticamente impossível ver um fio e arremeter”, afirma.

De qualquer forma, o piloto explica que todas as informações virão das investigações do Cenipa, que deve conter todos os detalhes.(Por Jornal Estado de Minas)

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