Assassinato de duas crianças pela mãe em Guapimirim deixou a cidade em choque
RIO — Moradora da Rua Leia, no bairro Parque Fleixal, em Guapimirim, Solange Soares a todo momento vai ao quintal e olha para a casa ao lado, ainda sem acreditar no crime ocorrido na última segunda-feira. Vizinha de Stefani Peixoto Ferreira, que matou a facadas os filhos Bruno e Arthur, de 6 e 3 anos, ela ajudou o marido da dona de casa, Carlos Leonardo da Silva, a arrombar o portão da residência, e foi quem chamou a polícia após encontrar a mulher ensanguentada na sala. Assim como Solange, outros vizinhos e pessoas próximas à família tentam compreender como uma mulher tida como pacata cometeu um crime tão bárbaro.
De acordo com laudo pericial, foram sete facadas, sendo quatro no filho mais velho e três no caçula. Chamou a atenção também o fato de ela ter provocado as chamadas “lesões de intenção” nas crianças, dando pequenos golpes antes dos mais profundos, que causaram as mortes.
Delegado responsável pela investigação, Antonio Silvino Teixeira tenta identificar os motivos que levaram a autora ao crime. O foco das investigações da polícia está em uma briga de Stefani com o marido, ocorrida na sexta-feira anterior ao crime. Após o confronto, onde vizinhos chamaram o pai de Stefani, Moisés Ferreira, para intervir, o casal se separou pela quinta vez nos últimos sete anos.
— Ouvimos o marido pela segunda vez, e quero ouvir o pai da Stefani de novo. É difícil encontrar uma motivação para uma ação tão bárbara de uma mãe, que mata os filhos pequenos a facadas, mas vamos esclarecer alguns pontos a mais do que houve antes do crime. O motivo dessa briga ainda não foi esclarecido. Sabemos que era aniversário de uma das crianças naquele dia, e pode ser que haja algo relacionado — disse Silvino.
É difícil acreditar’
Um vizinho, que mora em frente à casa de Stefani e pediu para não ser identificado, confirmou que a briga de sexta-feira ocorreu à noite, sendo ouvida por vários moradores do local. Ele afirmou ter visto Carlos Leonardo deixar a residência:
— Os gritos chamaram atenção, e como sabíamos que havia crianças na casa, ficamos de olho. Após um tempo, o pai dela, que é conhecido aqui na região, chegou, e o marido saiu minutos depois.
Solange não estava em casa, mas soube da briga do casal por parentes após retornar. Também reparou a falta de movimento na residência no fim de semana, mas não estranhou o fato, pois conhece Stefani desde a infância e a considera uma pessoa calma e uma mãe dedicada.
— Ela sempre foi uma menina quietinha, pacata. É difícil acreditar no que aconteceu. Ajudamos o marido a arrombar o portão e a entrar. Foi uma cena horrível — disse Solange.
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Kelly, colega de Stefani, que interagia com a dona de casa nas redes sociais, segue abalada com o crime e relata que estranhos a procuraram nas redes sociais para cobrar explicações sobre o crime:
— Algumas pessoas me disseram coisas absurdas nas redes sociais, perguntando se eu não havia notado algo. Eu convivi com ela há dez anos, porque era amiga da cunhada dela. O que eu sei é que sempre cuidou muito bem da família. É o que eu posso falar. Uma pessoa idônea, criada na igreja, íntegra, honesta. Estou tão surpresa quanto toda a sociedade. Não me sinto em condições de julgá-la. Só dormi só dois dias depois do crime.
A Polícia Civil já esclareceu a dinâmica do crime. Por volta das 13h da segunda-feira da semana passada, Stefani matou os filhos, que morreram lado a lado, na cama do quarto. Ela foi para a sala e cortou os pulsos, largando a faca no chão. Passou, então, a disparar áudios para o pai e a telefonar para o marido, contando o que fizera.
Os agentes buscarão mais detalhes, hoje e nas primeiras horas da segunda-feira, do que pode ter ocorrido, mas acreditam que a própria Stefani é a única que pode falar, pois ninguém esteve em sua casa.
Transferida na sexta para o Hospital Psiquiátrico Roberto Medeiros, Stefani seguirá na unidade, com a prisão preventiva decretada. Ela tem atendimento médico, mas pode ter a transferência revista e ser levada a um presídio feminino. (Extra On line)